Integrantes das Frentes Parlamentares Brasil-China e BRICS do Congresso Nacional são empossados em evento com autoridades e diplomatas

O relançamento das Frentes Parlamentares Brasil-China e BRICS do Congresso Nacional reuniu no Centro de Convenções Ulisses Guimarães, em Brasília, na noite desta quarta-feira (15/03), centenas de pessoas entre autoridades do governo federal, do Distrito Federal e de outros estados, representantes das missões diplomáticas no Brasil, de diferentes entidades da sociedade civil organizada e da iniciativa privada. O evento é um aquecimento à missão internacional do presidente Lula ao continente asiático, especialmente à China, entre 26 e 30 de março, onde será acompanhado por deputados e senadores, incluindo os membros das Frentes Parlamentares Brasil-China e BRICS.

Instaladas formalmente no Congresso Nacional, as frentes são órgãos suprapartidários que visam fortalecer e aperfeiçoar os laços de amizade e as diversas relações entre o Brasil e outros países. Ambas são presididas pelo deputado federal Fausto Pinato (PP-SP), que já conduz as relações sino-brasileiras e entre os países do BRICS desde 2015 no Congresso. Além de Pinato, outros congressistas integram a diretoria, os deputados Gutemberg Reis (MDB-RJ), Luiz Fernando Faria (PSD-MG), Vander Loubet (PT-MS), Cláudio Cajado (PP-BA), Acácio Favacho (MDB-AP), vice-líder do governo no Congresso Carlos Zarattini (PT-SP) e o senador Chico Rodrigues (PSB-RR).

A temática central das Frentes é “Brasil, China, BRICS e Relações Internacionais: uma Agenda Estratégica Interpoderes, Interfederativa e Interinstitucional”. Reconduzido à presidência das frentes, o deputado Fausto Pinato disse em seu discurso que as Frentes trabalham pela “promoção de ações para melhorar o fluxo comercial e o aumento da harmonia, equilíbrio e progresso entre as nações” e acrescentou que “as parcerias vão gerar o que o povo brasileiro mais precisa, o emprego.”

O poder do BRICS – O agrupamento econômico é formado de países que mais crescem no planeta, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o que torna o BRICS um dos blocos econômicos mais fortes do mundo. Os números falam por si. Juntos seus países representam 30% da superfície terrestre, 43% da população mundial, 21% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, 17,3% do comércio global de serviços e 45% da produção mundial agrícola, em conformidade com dados da Organização das Nações Unidas (ONU/FAO) e da Organização Mundial do Comércio (OMC).

O bloco, atualmente presidido pela África do Sul, poderá ficar ainda mais forte, procura parceiros com ideias semelhantes em todo o mundo. Novos critérios de adesão estão sendo elaborados. A decisão sobre novas nações que vão aderir ao grupo deve sair até o final deste ano.

O trabalho do Congresso Nacional, liderados pelos congressistas que integram as Frentes Brasil-China e BRICS será fundamental nesse novo relacionamento do Brasil com a parte internacional. No próximo ano o país será sede a reunião do bloco, esse é o momento para o parlamento brasileiro fazer um intercâmbio, debater pautas importantes, entre elas meio ambiente, sustentabilidade e a paz mundial.

Cooperação Brasil-China – A China está entusiasmada com as possibilidades de negócios e trocas entre os dois países, é uma união de interesses. Os acordos comercias já estão bem consolidados, são mais 150 bilhões de dólares e trocas comercias entre os dois países. Thomas Law, presidente do Instituto Sociocultural Brasil-China (Ibrachina), um dos organizadores do evento, em conversa com o Portal Diplomatic, enfatizou que o Brasil tem muito a agregar e ajudar o país asiático. “O Brasil tem na sua matriz energética 50% de energia limpa, e a China por sua vez está pensando muito na descarbonização. Com a tecnologia que a China tem e com o bioma, as florestas e o meio ambiente preservado do Brasil, certamente haverá uma grande parceria entre os dois países” afirmou Thomas Law.

Além da cooperação comercial forte, a China vislumbra outros elementos importantes para a integração de povos, a cultura e o esporte devem ter papel importante nas discussões. Thomas informou que já existe negociação para implantar mais institutos confúcios de mandarim no Brasil e desenvolver esportes chineses, a exemplo do badminton, uma modalidade esportiva que ganhou popularidade na China, no século 20, sendo incluída nas Olimpíadas, Copa do Mundo e campeonatos mundiais.

O ministro-conselheiro da Embaixada da China no Brasil, Jin Hongjun, em seu discurso no evento, também disse esperar que as Frentes Parlamentares Brasil-China “continuem a redobrar esforços incansáveis em prol dos laços de amizade entre os dois países e desta aliança estratégica global dos dois países, pelo bem-estar de nossos povos, dos países do BRICS e de todos os países em desenvolvimento”.

O evento de relançamento das Frentes Parlamentares Brasil-China e BRICS do Congresso Nacional foi organizado pelo Instituto Sociocultural Brasil-China (Ibrachina) e LIDE China – Grupo de Líderes Empresariais, com apoio das secretarias de Estados de Turismo e Relações Internacionais do Governo do Distrito Federal.

Histórico do BRICS

BRICS é um agrupamento de países de mercado emergente em relação ao seu desenvolvimento econômico. O termo é um acrônimo da língua inglesa que é geralmente traduzido como “os BRICS” ou “países BRICS” ou, alternativamente, como os “Cinco Grandes”. A ideia do bloco foi formulada pelo economista-chefe da Goldman Sachs, Jim O’Neil, em estudo de 2001, intitulado “Construindo BRICS Econômicos Globais Melhores” (Building Better Global Economic BRICS). Inicialmente era apenas BRIC, composto por Brasil, Rússia, Índia e China – nações que, segundo economista, guardavam características comuns, entre as quais estabilidade política, PIB (Produto Interno Bruto) em crescimento, mão de obra em grande quantidade e em processo de qualificação, níveis de produção e exportação em crescimento.

Mais tarde – em 2011 – o bloco teve a adesão da África do Sul e passou a ser BRICS, acrescentado o s de South Africa (África do Sul em inglês). Juntos, os países membros do BRICS firmaram aliança para ganhar força no cenário político e econômico internacional, diante da defesa de interesses comuns, uma reação a blocos de países ricos como a União Europeia, composto por 27 países, e a NAFTA, a união comercial formada por Estados Unidos, Canadá e México.

Em 2006 o bloco ganhou força a partir da Reunião de Chanceleres dos quatro países organizada à margem da 61ª. Assembleia Geral das Nações Unidas, em 23 de setembro de 2006. Este constituiu o primeiro passo para que Brasil, Rússia, Índia e China começassem a trabalhar coletivamente. Em 2011, após o ingresso da África do Sul, somou ao grupo.

Ao contrário da NAFTA e da União Europeia – com perfis eminentemente comerciais -, o BRICS não é exatamente um bloco econômico. É um mecanismo para promover uma cooperação entre as nações emergentes. Trata-se mais de um bloco econômico informal potencializando o papel geopolítico das nações. Busca debater conjuntamente a estabilização econômica, política, investimentos em setores de infraestrutura, melhoria dos índices sociais e outros temas de interesse comum.

Em síntese, representantes dos países se reúnem a cada ano, formalizando acordos e medidas. Também abrem espaço para diálogo, identificação de convergências e concertação em relação a diversos temas. Ministros encarregados da área de finanças e presidentes dos bancos centrais dos países têm se reunido com frequência. Os temas segurança alimentar, agricultura, meio ambiente e energia também já foram tratados no âmbito do agrupamento, em nível ministerial.

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